quarta-feira, janeiro 30, 2008

MKT de necessidade

MKT de necessidade

Post rapidinho, pois estou saindo aqui do trabalho e pretendo gastar menos de 2h para chegar em casa: Esses dias choveu bagarái. Sim, novidade pra alguém? Não, então, quem se importa?
O fato é que, São Paulo, desde que foi banida de anúncios publicitários, graças a lei de Gilbert Who Knows, ficou bem sem graça. Chovendo, com aquela cortina branca d'água encobrindo tudo então, nem se fale.
Para devolver às centenas de publicitários desempregados e que, agora, só podem fazer viagens de fim de ano para países como Zâmbia (o país sem bandeira) e as Guianas Francesas, deixo aqui a sugestão: anunciem em guarda-chuvas e capas de chuva.
Imaginem, que maravilha, para os guarda-chuvas:

"Resprim. Furou? Virou do avesso? Resprim!"
"Tuberculose mata. Procure seu médico"
"Rain drops keep falling in my head..."
"Nylon serve para alguma coisa, além de fazer balão"
"Sabe os piscinões? Obra de Paulo Maluf"

Bem, para as capas-de-chuva, não consegui pensar em nada melhor do que:

"Olha a capa-de-chuva, capa! R$ 2!"
"Camisinha você também joga fora depois de usar, polui igual e ninguém reclama"
Não há slogans mais convincentes do que esses.

segunda-feira, janeiro 21, 2008

Carne-à-val

Carne-à-val

Lembro quando tinha meus 6, 7 anos, em que chegava a perder o sono quando sabia que ia viajar para o litoral. Toda aquela areia, o mar, o sol, as pessoas felizes. Daí, quando completei meus 15 anos, fodeu tudo. Eu já não tinha o mesmo saco para a areia cheia de micróbios, o mar repleto de coliformes fecais e a temperatura escaldante. Pior do que isso, eu só conseguia ver o feriado mais aguardado do ano como uma desculpa para as pessoas exagerarem, seja lá no que dêem em suas telhas, como válvula de escape para se desligarem dos problemas da vida. Radicalismos (e realidade) a parte, isso foi muito em função do estilo de vida que eu tinha na época. Influenciado por americanos branquelos, com pose de mal e que - sempre - usavam roupas de inverno, não via muito sentido em toda aquela frivulidade gratuita do brasileiro. Ora bolas, qual era, afinal, a graça do carnaval? Eu já bebia - um bocado, por sinal -, mas não usava drogas, não fazia sexo e não tinha renda própria para armar bacanal. O simples fato do feriado atrasar em algumas semanas as minhas obrigações no colégio, era o único fato que me trazia algum prazer.
Então, cresci mais um pouco. Ainda continuava com a idéia de que aquele fervor todo era desculpa esfarrapada para excessos permitidos pelo cristinanismo no Brasil. Mas ainda não conseguia curtir nada, pelo menos, no mesmo nível de alegria dos outros. Hoje, penso como o cidadão médio: carnaval é muito bom. Ninguém trabalha (sic), a putaria rola solta e você não deve nada a ninguém. Explicação para a mudança de pensar? Amadurecimento e emprego. Só um corno ressentido com a vida ou com a felicidade alheia, diz que o carnaval "é um saco". E quando digo corno, me incluo nesse percentual, ao menos, em boa parte da minha vida - mas, pulemos essa parte.
O fato é que, faltando algumas semanas para a festa do pudor esquecido, estou ansioso. Perdi R$ 150 reservando uma viagem para São Luiz do Paraitinga que não farei mais, por logística e burrice de minha parte em me antecipar ao impresvisto e, mesmo assim, estou feliz. Talvez, seja o primeiro carnaval que passarei ao longo de anos, em que terei algum motivo para celebrar o trânsito infernal em direção às praias, a falta de recursos básicos do litoral e o desapego à paciência que tange a todos na volta para a cidade. Trabalho no que sempre quis (sic do sic), gasto meu próprio dinheiro e escolho minhas companhias. Deixei o interior paulista de lado, uma das festas que por anos desejo conhecer, para estar no habitual litoral sul, onde tudo é mais barato, o povo é mais fuleiro (preconceito não se emprega nesta frase) e eu poderei ficar em um local com água encanada (se houver), teto e energia elétrica. Melhor ainda, um lugar que posso chamar de "meu".
Esperemos, então, o começo das festividades.
Sim, porque agora, tudo é festa.
É carnaval, carácolhes, aproveite!

terça-feira, janeiro 15, 2008

Molhado de tanto trabalhar

Molhado de tanto trabalhar

Finalmente, primeiro post diretamente da mesa do trabalho. Não, não sou tão vagabundo assim, estou aproveitando os últimos minutos do horário de almoço (sic). Estou me adaptando a tudo aqui, ainda. As pessoas que eu insisto em não conseguir decorar os nomes, os ramais que... bem, muito menos, as pautas que ficam no Bloco de Notas porque eu tenho aversão à Word. Se não fosse a distância graúda (levo 90 minutos para chegar, mais 90 para voltar - isso porque o trânsito ainda "colabora"), tudo seria bem próximo do ideal. Sim, porque, se fosse pelo dinheiro, eu já tinha me aposentado por invalidez, perdendo um braço, sei lá (cruel e tosco, mas o desemprego de uns anos atrás já me fez pensar loucuras). A minha única e, ainda, maior dificuldade, é de ser simpático ao telefone com pessoas que eu sei que não estão nem um pouco interessadas em me dar uma entrevista. Mas isso passa. É só não deixar meu lado House entrar em ação e, entre mortos e feridos, continuo escrevendo sem maiores problemas.

Ontem foi o primeiro dia de perrengue. Não do trabalho em si, mas do inevitável: a chuva paulistana. Choveu tanto que eu pensei, seriamente, em deitar no sofá da editora e ficar por aqui mesmo. Como tinha coisa mais interessante pra fazer do que dividir o estofado com o "Princeso" - o gato que apareceu aqui e adotaram -, me mandei. Dei um pique de 50 metros e parei debaixo de um toldo. Inútil, já estava ensopado. Como correr só gastaria mais meus pulmões cheios de fumaça, resolvi "trotear". Quando já estava perto do ponto do ônibus, imaginei ter chegado no Sesc Barra Funda. Mas aí lembrei que aqui, não tem Sesc. A rua alagou de tal maneira, que até eu que não sei nadar, boiaria por horas se relaxasse o corpo. Dei uma de Tarzã, subindo em uma mureta recheada de árvores, as quais era meu refúgio para não molhar até os joelhos d'água e... cansei. Pisei na água com tanta raiva que, se alguém viu a cena, capaz de ter ligado para o sanatorinhos.

Encontrei quem eu tinha que encontrar e acabei chegando em casa depois das 22h. Morto. Banho? Eu lá queria saber de mais água? Mas me rendi à temperatura morna e desmaiei na cama.
Hoje, já saí mais precavido e trouxe um guarda-chuva.
Pena que meu bote inflável não caiba no bolso da calça, porque lá, dou preferência aos cigarros, bilhete único e Mp3 Player.

Aviso aos navegantes (trocadilho maldito): não sei como fazer para ver os posts mais antigos. O Blogger mudou as ferramentas de procura e armazenamento, ainda não tive tempo de pesquisar... mas, em breve, aviso aqui.
Update: Não avisei?

quinta-feira, janeiro 10, 2008

Herbert Richers II

Herbert Richers II

A música desse mês, é a letra que me fez perceber que eu não tinha lá muita aptidão para ser religioso, mas que também não encontrava motivos concretos para ser um ateu.
Optei pelo agnosticismo. Graças a Ben Weasel, do Screeching Weasel.
Em uma entrevista, ele disse que escreveu a música depois de ler um depoimento no jornal, sobre uma mulher que foi violentada, e que a história que ela contou, tirou seu sono.
Ou seja, o que os livros não conseguiram me explicar em 20 anos, ele fez em pouco mais de dois minutos. É uma daquelas músicas que posso considerar como "importantes" para mim.

Scyence of Myth
Ciência do mito

If you've ever question beliefs that you hold you're not alone
Se você alguma vez se questionou das crendices que carrega, você não está sozinho
But you oughtta realize that every myth is a metaphor
Mas você deve entender que todo mito é uma metáfora

In the case of christianity and judaism there exist the belief
No caso do cristianismo e judaísmo lá existe a crença
That spiritual matters are enslaved to history
Aqueles valores espirituais estão ligados à história

The buddhists believe that the functional aspects override the myth
Os budistas acreditam que os aspectos funcionais ultrapassam o mito
While other religions use the literal core to build foundations with
Enquanto outras religiões usam os termos literais para construir suas fundações

See half the world sees the myth as fact
Veja, metade do mundo vê o mito como fato
While it's seen as a lie by the other half
Enquanto é visto como uma mentira pela outra metade
And the simple truth is that it's none of that
E a simples verdade é que não é nada disso
And somehow no matter what the world keeps turning
E de qualquer jeito, não importa o quê, o mundo continua girando
Somehow we get by without ever learning
De qualquer jeito nós passamos sem nunca sabermos

Science and religion are not mutually exclusive
Ciência e religião não são mutuamente particulares
In fact for better understanding we take the facts of science and apply them
De fato, para melhor entendimento, nós pegamos os fatos da ciência e os aplicamos
And if both factors keep evolving then we continue getting information
E se ambos fatores continuarem envolvidos, daí nós continuamos pegando informação
But closing off possibilities makes it hard to see the bigger picture
Mas encerrando as possibilidades, fica difícil ver a verdade

Consider the case of the women whose faith helped her make it through
Considere o caso da mulher em que a fé, a ajudou a superar
When she was raped and cut up left for dead in a trunk her beliefs held true
Quando ela foi estuprada e cortada, largada para morrer em um porta-malas, suas crendices eram a verdade

It doesn't matter if it's real or not
Não importa se é real ou não
Cause some things are better left without a doubt
Porque algumas coisas são melhores serem deixadas na* dúvida
And if it works then it gets the job done
E se isso funciona, então funciona
Somehow no matter what the world keeps turning
De qualquer jeito, não importa o quê, o mundo continua girando
Somehow we get by without ever learning
De qualquer jeito nós passamos sem nunca sabermos

* na verdade ele canta "serem deixadas sem dúvidas", mas o sentido real, seria esse.

domingo, janeiro 06, 2008

Tênue

Tênue

Preparando o psicológico para começar a trabalha "de verdade", nessa segunda-feira, algo me desviou a linha de pensamento. Cheguei de uma balada, muito boa com meus amigos, por volta das 7 da manhã. Levei uma cacetada no nariz, graças a uma barra de ferro no meio da calçada e de minha falta de atenção, que me tirou o bom humor e me deu ainda mais sono. Acordei pouco antes das 13h, com a casa vazia. Mãe, pai, cachorro, ninguém presente. Como é de costume, peguei meu copo de refrigerante, meu cigarro e me sentei no sofá, ao lado da janela. Antes de bater a primeira cinza para fora (sim, péssimo hábito, eu sei), notei que umas 20 pessoas se aglomeravam na entrada do meu prédio. Gente cabisbaixa, triste. Estranhei, mas não me interessei em saber o motivo. Meu pai chegou com o cachorro e me contou o que estava acontecendo: uma garota, que mora aqui no condomínio, foi dormir na casa da amiga ontem e, pela manhã, durante o banho, desmaiou e engasgou com o próprio vômito. Não acordou mais.

Logo que aconteceu, chamaram meu pai, que foi correndo ao quarto andar do meu prédio onde ela estava, fez a massagem cardíaca e respiração boca-a-boca por 10 minutos, antes que o Resgate chegasse. E eles chegaram. Repetiram o procedimento por mais 20 minutos. O médico da unidade, quando perguntado o que fazer com o desfribilador e o balão de oxigênio, apenas balançou a cabeça e disse que não havia nada mais a fazer. Segundo comentam, a garota, catorze anos, estava passando mal desde a noite passada. Enjoada com freqüência, sentindo cólicas. A mãe deu um chá para ela, antes que fosse dormir na casa da amiga. Pela manhã, ainda passando mal e agora com diarréia, foi tomar um banho e desmaiou no chuveiro. Daí pra frente, eu já contei. Meu pai chegou em casa ensopado de refluxo, com o rosto e aquele bigode tradicional também sujos. Tomou o banho, escovou os dentes e fez um gargarejo... acabou.

O dia todo foi grande movimento em todo o condomínio. Todo mundo comentando do assunto, cuspindo teorias: ela estava grávida; ela estava bêbada; pode ter sido drogas. Minha mãe ficou na casa da vizinha, onde ocorreu o fato pela manhã e boa parte da tarde. Segundo ela, consolando a mãe da garota e a vizinha que, evidentemente, estava traumatizada. Não entendo ao certo o porquê dessa necessidade que as pessoas têm de solidarizar algo incosolável, mas é esse o motivo do post de hoje. Eu não senti nada sobre isso. Talvez eu até conheça a garota que morreu, não sei, de verdade. Mas ao ver o entra e sai do prédio o dia inteiro, as pessoas esperando a chegada da polícia científica e IML, as rodinhas de conversas desnecessárias... talvez eu não tenha a mesma facilidade de encarar com tanto pesar uma coisa dessas, mas... quem sabe?

Bizarro, se é que cabe a palavra, é perceber que é a segunda morte trágica no quarto andar do meu prédio. Mais bizarro ainda, ser no mesmo apartamento. Seis anos atrás, acho, alguém esqueceu umas velas acesas na casa, o marido bêbado dormiu e as cortinas fizeram o resto do estrago. Bem, pode ser apenas coincidência (e eu espero que seja).

Fica aqui os parabéns para meu pai, que tentou de todas as maneiras salvar a garota, os votos de serenidade a família e amigos, e o desejo de um dia saber o porquê eu não conseguir mais ver desespero em algo tão inaceitável e irreversível.

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Aloha, 2008!

Aloha, 2008!

Não sei se apenas a dor na cintura e essa maldita ansiedade para que o dia 2 de Janeiro se vá por completo rapidamente, mas creio que esse novo ano será de constante alteração. A primeira começou por volta dos primeiros 20 e tantos minutos de 2008, quando dei minha última tragada em um cigarro até então. O dia 1 foi embora sem maiores problemas, apesar do cansaço pela viagem de volta e o medo de acordar acabado para o primeiro dia no novo emprego (e, sim: estou acabado). Hoje, já sinto a abstinência pelo excesso de saliva, as ondas de calor, a dificuldade em fixar o pensamento em algo por mais de 5 minutos. Mas vai indo, devagar e sempre. Espero que me dêem alguns dias para me adaptar ao novo ambiente aqui do editora, porque além da distância de casa (1:40h de viagem), ainda tem o fato de eu conhecer apenas uma pessoa, e da minha tradicional timidez dos primeiros momentos.

Por enquanto, tentarei atualizar isso aqui sempre que possível, já que fuçando no computador da garota que saiu daqui para que eu pudesse entrar, o ritmo da redação é lascinante.

Aloha, 2008!
See ya next time.