quarta-feira, novembro 29, 2006

Adeus, Gigek!

Adeus, Gigek!

Assisti a algumas imagens do velório do Bussunda, quando os colegas do Casseta & Planeta deram seus depoimentos. Parecia que a qualquer instante iria estourar uma piada. Estava tudo sério demais, faltava a esculhambação, a zombaria, a desestruturação da cena. Mas nada acontecia ali de risível, era só dor e perplexidade, que é mesmo o que causa em todos os que ficam. A verdade é que não havia nada a acrescentar no roteiro: a morte, por si só, é uma piada pronta.

Morrer é ridículo. Você combinou de jantar com a namorada, está em pleno tratamento dentário, tem planos para semana que vem, precisa autenticar um documento em cartório, colocar gasolina no carro e no meio da tarde morre. Como assim??? E os e-mails que você ainda não abriu, o livro que ficou pela metade, o telefonema que você prometeu dar à tardinha para um cliente? Não sei de onde tiraram esta idéia: morrer.

A troco? Você passou mais de 10 anos da sua vida dentro de um colégio estudando fórmulas químicas que não serviriam para nada, mas se manteve lá, fez as provas, foi em frente. Praticou muita educação física, quase perdeu o fôlego , mas não desistiu. Passou madrugadas sem dormir para estudar pro vestibular mesmo sem ter certeza do que gostaria de fazer da vida, cheio de dúvidas quanto à profissão escolhida, mas era hora de decidir, então decidiu, e mais uma vez foi em frente... De uma hora pra outra, tudo isso termina numa colisão na freeway, numa artéria entupida, num disparo feito por um delinqüente que gostou do seu tênis. Qual é? Morrer é um chiste. Obriga você a sair no melhor da festa sem se despedir de ninguém, sem ter dançado com a garota mais linda, sem ter tido tempo de ouvir outra vez sua música preferida. Você deixou em casa suas camisas penduradas nos cabides, sua toalha úmida no varal, e, penduradas também algumas contas. Os outros vão ser obrigados a arrumar suas tralhas, a mexer nas suas gavetas, a apagar as pistas que você deixou durante uma vida inteira. Logo você, que sempre dizia: das minhas coisas cuido eu.

Que pegadinha macabra: você sai sem tomar café e talvez não almoce, caminha por uma rua e talvez não chegue na próxima esquina, começa a falar e talvez não conclua o que pretende dizer. Não faz exames médicos, fuma dois maços por dia, bebe de tudo, curte costelas gordas e mulheres magras e morre num sábado de manhã. Se faz check-up regulares e não tem vícios, morre do mesmo jeito. Isso é para ser levado a sério? Tendo mais de cem anos de idade, vá lá, o sono eterno pode ser bem-vindo. Já não há mesmo muito a fazer, o corpo não acompanha a mente, e a mente também já rateia, sem falar que há quase nada guardado nas gavetas. Ok, hora de descansar em paz. Mas antes de viver tudo, antes de viver até a rapa? Isso não se faz. Morrer cedo é uma transgressão, desfaz a ordem natural das coisas.

Morrer é um exagero. E, como se sabe, o exagero é a matéria-prima das piadas. Só que esta não tem graça.
Por isso viva tudo que há para viver.
Não se apegue as coisas pequenas e inúteis da vida!

Perdoe... Sempre!!!

Pedro Bial
(porque eu estou sem mais palavras)

segunda-feira, novembro 27, 2006

Comunicado de Inutilidade Pública

Comunicado de Inutilidade Pública

- Começaram as reformas em casa, mais uma vez. Menos de 2 meses depois de terem mudado o banheiro (ainda me confundo com o vaso sanitário em outro canto), agora desceram a marreta na cozinha. Na seqüência, será a vez do piso da sala e dos quartos sentir a ira de Tor. Depois, vão pintar o teto e as paredes (meu quarto vai de azul para roxo, para demonstrar a força e alegria de minha aura). Ou seja, ficarei um tempo sem entrar na internet. z0/

- A cama do quarto dos meus pais foi sutilmente destroçada por meu progenitor. Gostei da atitude: "Ah, essa porra não desmonta? Ah! Se desmonta!". A tal cama tinha mais de 25 anos, mamãe quase foi às lágrimas. Eu e meu pai rimos e tomamos 3 latas de cerveja, cada um, para comemorar. Portanto, a grana que viria para adquirir uma nova cama para meu aposento, foi para o espaço. Vou ter que ficar com a mesma, que já tem mais de 22 anos. A cada movimento que faço, ela parece clamar por uma marretada. Mas não há como, não por enquanto.

- Esse fim de semana estarei cansado. Ensaio e gravação com a banda. Minha técnica vocal baseada no estilo Ângela Rô Rô / Ben Weasel entrará em ação. Preciso de paz, concentração e ficar longe desse cheiro de Dercy Gonçalves que tomou conta de minha casa.

Fiquem com Deus, dirijam com cuidado e...
...alguém me empresta R$ 200?
Eu amo todos vocês, é verdade!

quinta-feira, novembro 23, 2006

Bifurcação

Bifurcação

Mudanças enchem o saco e já escrevi sobre isso aqui mesmo, um bom tempo atrás. Não gosto nem quando tenho que parar de usar aquele tênis de todo dia por um mais novinho, sem tantos buracos e mais limpo. Por mais que ele já esteja ali, atrás da porta, na sapateira, odeio ter de mudar. Uso a mesma camisa quando saio para algum show ou baladinha desde 2003, com orgulho. E sim, eu lavo a camisa, não se espantem (tanto). Quando percebi que ela estava se deteriorando sozinha, esperei um pouco mais, costurei uns buraquinhos e lá continuei - firme e forte, com ela. Não que eu seja a pessoa com as idéias e opções mais convictas do universo, mas eu me considero certo e senhor da razão até que me seja provado o contrário. Chamem isso de orgulho, teimosia, mal de signo (virgem), mas estou sempre certo. Isso é básico: é um simples acúmulo de experiências anteriores, cognitivas, que fazem com que você saiba que na porta 3 do extinto programa do Sérgio Mallandro, sempre tenha o gorila ao invés da bicicleta e do Dynacom com mais de 100 jogos.
Pela primeira vez em... hmmm... 3 anos, eu não sei o que fazer. Tenho duas opções, dois caminhos para percorrer, como num daqueles RPG's bem nerds que todo japonês e frequentador de cursinho adora. Um deles é o que estou atualmente, na espera de um sucessinho qualquer que seja na minha área profissional, que é árduo e extremamente espinhoso. Normalmente, seria o caminho escolhido por todos seguidores de Don Quixote. E bradam isso com orgulho. "Me ralei, me fodi, e me dei bem. Vejam onde cheguei, o que conquistei!". Eu, sinceramente, não tenho mais tanto tempo pra me ralar todo por aí em busca de um sonho de adolescência.
O outro caminho é, teoricamente, bem mais fácil. Setas indicam as curvas mais perigosas, as vias de mão dupla, buracos na pista, tudo isso. Lá no final, o pote de ouro quase sem brilho, de tão velho e gasto. Pouco, mas garantido.

Até o fim de dezembro eu penso nisso.
Por enquanto eu quero só beber, fumar, gravar as malditas músicas do Seven Elevenz e encontrar minha country-girl.

Fim dos textos chatos desse blog, voltamos a nossa programação normal.

domingo, novembro 19, 2006

Koelho de Neve

Koelho de Neve

Meu pai, depois de eu ter pego o carro pela primeira vez, não me deixa mais dirigir. Não sei se por ter vencido minha carta, por eu já ter assumido odiar carro ou por ter dado duas "batidinhas" de leve. Sei que ontem, ele me impediu de ir motorizado a um show aqui do lado, por eu não pegar o carro há muito tempo. Irônico, afinal, ele não me deixa mais pegar, quando preciso. Enfim, hoje de manhã fomos até a Telhanorte comprar coisas pra reforma de casa (fato que me deixará sem vida social por um mês, mais ou menos). Para irmos os três, "me, mon and daddy", deixamos o cachorro na minha avó. Ela aceitou de boa, adora o Rocco. Mas deixou de ir num almoço na casa da filha do namorado dela. Sim, ela tem 75 anos e namora. Com remorso, papai quis retribuir a mancada levando a velhinha até a casa da dita cuja acima. E quem ele escolheu para a caridade? Eu, claro. Sempre sobra idiotas para essas missões altruístas. Pesquisei como chegar no endereço no Apontador, peguei as chaves e soquei a idosa no carro. Até metade do caminho, me encontrei bem. Depois, me perdi por mais de meia hora, entre ruelas e becos sem saída. Uma chuva torrencial caiu sobre o carro e nem fumar eu pude. Ainda tinha que aguentar comentários como "Acho que a gente deveria voltar!", sendo que eu já tinha percorrido 80% do caminho. Nenhum aborígine daquela região sabia o nome das ruas. Era um festival de "Passa a rotatória, vira a esquerda. Ae... ae... tá quase lá, você pergunta de novo!" que eu estava a ponto de acumular uns 7 pontos na CNH vencida e cometer homicídio. Depois que liguei para a vadia da filha do namorado de minha avó, descobri que o "ponto de referência" que ela me deu, era apenas a uns 3km da casa da maldita. Que maravilha! Contornei a padaria "Viva a noite" e percorri toda a extensão do Sítio das Corujas. Pobres corujas, mal sabem que vivem no inferno. O Sesc Interlagos já tinha virado paisagem a mais de vinte minutos e nada de chegar na casa. A rua era tão pequena e estreita, que um Gol, praticamente, passava arrastando retrovisores vizinhos. Quando deixei Terezinha em seu destino final, ela me agradeceu com um "brigado, Rafa!".

E isso foi meu domingo. Dirigir por quase duas horas no meio do nada.
Levar a vovó pra casa do Lobo Mau. Afinal de contas, aquela porcaria de bairro só pode ser, mesmo, no meio de uma floresta. Que o caçador a confunda!
Ah pá puta que pariu!

quarta-feira, novembro 15, 2006

Holiday in Cambodia

Holiday in Cambodia

Ontem, na triagem da doação de sangue do Hospital Santa Catarina, confesso ter ficado apavarado. Fazem tantas perguntas, algumas que você não responde nem pros amigos mais chegados, que eu duvido que 50% das pessoas que passam por ali sejam totalmente sinceras. São coisas do tipo "você já deu a bunda? / usou drogas? / quais? / quando?". Ou pior: "com quantas parceiras você teve relações sexuais no último ano? / todas com camisinha? / alguma delas era promíscua?". Po, como vou saber? Minha memória não anda lá essas maravilhas. Mas mesmo assim passei pela trincheira, deitei na maca vendo Terceiro Tempo e lá se foram uns 500ml do meu O+.
Sei, apenas, que doei com gosto, sangue para meu amigo Gigek, que continua internado com Leucemia. A sensação de ajudar alguém, independente de quem seja, é algo que não tem preço.
Falando em memória, para as coisas mais inúteis, ela ainda continua intacta. Hoje, o MSN simplesmente entrou em colapso, por mais de duas horas (até agora). Não recebe mensagens, não envia, e deixa de ser o único escape para quem perde um feriado dentro de casa. E não venha me falar em "ler um livro", porque feriado de meio de semana não serve para nada, além de conversar um tantinho que seja pela internet. No mais total desespero, baixei o ICQ e comecei a ter espasmos de memórias enterradas por anos a fio. Lembrei da senha na segunda tentativa, e abriu aquela lista enorme de nomes em vermelho, como se fossem lápides de um passado bem interessante. Ex-namoradas, ex-amigos, muita coisa mesmo. Aquele magnífico Oh-Ow! só tocou uma vez, por um amigo mais desesperado do que eu, caçando gente para conversar - em vão.
Agora acho que vou voltar às minhas mp3 enquanto arrumo o quarto. Depois tem jogo do Brasil na tv, que vai ser um saco, mas... bem, é feriado.

domingo, novembro 12, 2006

Urgente

Informando aqui, porque toda tentativa é válida.
Terça-feira vou doar.
Mensagem originalmente passada pelo Paulo, da banda Unripes:

Pessoal, estamos fazendo campanha pra ajudar o Gigek, que está com Leucemia e precisa de doação de PLAQUETAS (muito importante, independe do tipo sangüíneo) e DE SANGUE o mais rapido possivel. Ele está no Hospital Santa Catarina e a doação tem que ser feita lá e especificado que é para THIAGO GIGEK.

HOSPITAL SANTA CATARINA
Av. Paulista, 200 - Bela Vista
Cep 01310-000
São Paulo - SP
Telefone: (0xx11) 3016-4133
Fax: (0xx11) 3016-4413

Força ae, Gigek!

quarta-feira, novembro 08, 2006

Paperback Writer

Paperback Writer

Algumas madrugadas atrás, sem sono e sem ter o que fazer, resolvi pensar num método de se ganhar dinheiro fácil. Emprego anda difícil demais e viver de paitrocínio pela vida toda não dá. Observando minha situação por um prisma nunca antes imaginado, comecei a matutar:

- Me virar com "freelas" até aparecer algo mais garantido e que pague bem; [não]
- Vender tudo o que tenho, juntar uma boa grana e virar garçom em Londres; [não]
- Destruir minha casa todinha e pedir ao Luciano Huck uma ajuda financeira; [não]
- Cortar uma de minhas pernas e arrumar emprego na Volks, que só contrata deficientes; [não]
- Fazer programas a preços módicos para moças e rapazes, em busca da felicidade; [não]
- Continuar tentando a música, mesmo que em inglês, pois em dollar é mais gostoso; [não]
- Sequestrar o filho de alguém muito rico e famoso, exigir uma bolada de resgate e mandar a sociedade se foder [sim]

Porém, como eu teria de arrumar comparsas inteligentes, tão loucos quanto eu e, principalmente, nunca mais aparecer em casa para comer a lasanha da minha mãe, resolvi abortar o plano. Seria como uma gravidez: Só é gostoso na hora de fazer, as consequências são um inferno.
Eis que meu cerebro engata a segunda marcha e me sugere outra opção:

- Ensinar às pessoas como sequestrar o filho de alguém muito rico e famoso, exigir uma bolada de resgate e mandar a sociedade se foder [hmmm...]

Desde então, comecei a escrever um livro. Ainda engatinha, mas já tenho toda a história na cabeça: personagens, tramas, técnicas de redação e uma foto bem bonita minha na contra-capa, absurdamente alterada no Photoshop.

Preparem-se! Em breve, ao procurar por "Koelho" no Google, acharão um escritor de sucesso internacional, por mais que escreva babaquices.

sexta-feira, novembro 03, 2006

Aaaaatchino!

Aaaaatchino!

Chino é uma pessoa deveras bacana. Ele é peruano, boliviano, venezuelano ou qualquer coisa semelhante a isso. Chino me liga durante um encontro de amigos para me pedir matérias sobre um velho senhor de São Bernardo do Campo que acabara de se reeleger Presidente do Brasil. Chino é "meu chefe". Chino fala 23 palavras por segundo, das quais eu entendo menos de 5. Chino me deve o pagamento do trabalho feito em Setembro, até agora. Chino me prometeu pagar tudo, numa pancada só, dia 7 desse mês. Chino diz que eu escrevo muito bem e que por isso, será "bastante generoso". Chino tem uma secretária tapada que diz que "vai estar fazendo o possível para que eu esteja recebendo no dia acertado".

Eu irei enfiar a faca em Chino.
Ele me fez perder minha sexta todinha, na frente do PC.
Mas Chino disse que a revista sai ainda esse mês e que a editoria de cultura será mesmo minha.

E Chino não lê esse blog, graças aos Ramones.