segunda-feira, janeiro 21, 2008

Carne-à-val

Carne-à-val

Lembro quando tinha meus 6, 7 anos, em que chegava a perder o sono quando sabia que ia viajar para o litoral. Toda aquela areia, o mar, o sol, as pessoas felizes. Daí, quando completei meus 15 anos, fodeu tudo. Eu já não tinha o mesmo saco para a areia cheia de micróbios, o mar repleto de coliformes fecais e a temperatura escaldante. Pior do que isso, eu só conseguia ver o feriado mais aguardado do ano como uma desculpa para as pessoas exagerarem, seja lá no que dêem em suas telhas, como válvula de escape para se desligarem dos problemas da vida. Radicalismos (e realidade) a parte, isso foi muito em função do estilo de vida que eu tinha na época. Influenciado por americanos branquelos, com pose de mal e que - sempre - usavam roupas de inverno, não via muito sentido em toda aquela frivulidade gratuita do brasileiro. Ora bolas, qual era, afinal, a graça do carnaval? Eu já bebia - um bocado, por sinal -, mas não usava drogas, não fazia sexo e não tinha renda própria para armar bacanal. O simples fato do feriado atrasar em algumas semanas as minhas obrigações no colégio, era o único fato que me trazia algum prazer.
Então, cresci mais um pouco. Ainda continuava com a idéia de que aquele fervor todo era desculpa esfarrapada para excessos permitidos pelo cristinanismo no Brasil. Mas ainda não conseguia curtir nada, pelo menos, no mesmo nível de alegria dos outros. Hoje, penso como o cidadão médio: carnaval é muito bom. Ninguém trabalha (sic), a putaria rola solta e você não deve nada a ninguém. Explicação para a mudança de pensar? Amadurecimento e emprego. Só um corno ressentido com a vida ou com a felicidade alheia, diz que o carnaval "é um saco". E quando digo corno, me incluo nesse percentual, ao menos, em boa parte da minha vida - mas, pulemos essa parte.
O fato é que, faltando algumas semanas para a festa do pudor esquecido, estou ansioso. Perdi R$ 150 reservando uma viagem para São Luiz do Paraitinga que não farei mais, por logística e burrice de minha parte em me antecipar ao impresvisto e, mesmo assim, estou feliz. Talvez, seja o primeiro carnaval que passarei ao longo de anos, em que terei algum motivo para celebrar o trânsito infernal em direção às praias, a falta de recursos básicos do litoral e o desapego à paciência que tange a todos na volta para a cidade. Trabalho no que sempre quis (sic do sic), gasto meu próprio dinheiro e escolho minhas companhias. Deixei o interior paulista de lado, uma das festas que por anos desejo conhecer, para estar no habitual litoral sul, onde tudo é mais barato, o povo é mais fuleiro (preconceito não se emprega nesta frase) e eu poderei ficar em um local com água encanada (se houver), teto e energia elétrica. Melhor ainda, um lugar que posso chamar de "meu".
Esperemos, então, o começo das festividades.
Sim, porque agora, tudo é festa.
É carnaval, carácolhes, aproveite!

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