segunda-feira, julho 19, 2010


quarta-feira, junho 30, 2010

Megalomania

Aguardando o derradeiro momento em que eu e minha amada Marcia iremos nos enfurnar dentro do apartamento que compramos, é comum me pegar fazendo planos mirabolantes de decoração, cores, móveis, tipos de piso, iluminação e outras coisas que com certeza não terei como pagar. A ansiedade é grande e tudo mais, mas nossas contas estarão desfalcadas sensivelmente durante - pelo menos - 2 anos. Depois a coisa melhora, mas nada que justifique querer uma geladeira de cerveja na sala ou a patroa querer uma banheira com hidro em um dos dois banheiros.

O que mais me apetece, e isso vem ocorrendo desde que assinamos o contrato em novembro do ano passado, é ter uma sala "bacana" para curtir meus momentos de ócio e assentar o traseiro. Quero um sofá confortável que não seja brega, quero uma poltrona ou um puff, uma mesinha de centro para dar uma cara mais responsável para o ambiente e um home theater. Até aí, nada de sobrenatural. Mas ando encafifado com a televisão que vou escolher. Sim, porque em acordo com a contraparte, ficou decidido que eu poderei escolher o modelo e o tamanho da janela para o inferno. Como já tenho uma LCD de tamanho considerável (32'') para um apartamento modesto (75m²), quero algo ainda maior e melhor para a sala, porque nunca tive bom-senso.

Depois de pesquisar por intermináveis 5 minutos, decidi que quero uma TV LED. Consiste, basicamente, em uma televisão LCD, mas onde o LCD em si serve apenas para iluminar milhares de lâmpadas LED, que deixam a imagem mais nítida e viva, mesmo que esteja assistindo ao Sexto Sentido. O maior problema não é o preço em si (em média, R$ 3.500 para uma tv de 46''), mas a qualidade: para mim, a grande maioria parece a mesma coisa.

A Marcia ficou apaixonada pela Philips Ambivison 2, porque acha que as luzes que saem da tv e se refletem na parede são o máximo. Eu também achei, mesmo sendo um pouco cafona, mas a taxa de contraste parece baixa para uma LED. A Samsung tem o melhor design, mas não vale o preço. A Sony tem a marca, mas não possui diferenciais que comprovem que ela valha quase R$ 1 mil a mais do que as outras. Resta a LG Live Bordless, que realmente foi a que mais gostei em parâmetros gerais, mas que insistem em dizer ser uma marca pouco confiável.

Daí, fui buscar opinião de especialistas: na internet. Os fórums são recheados de tantos experts em tudo que procurei filtrar as opiniões que começavam os textos com letra maiúscula - para se ter ideia. No final das contas, todos batem palmas para a Sony, mas ninguém tem. Todos olham torto para a LG, mas compram. Todos gostam do design da Samsung mas reclamam das imagens. Poucos preferem a Philips, mas dizem ter o melhor custo-benefício. Parti para o YouTube e me espantei com a quantidade de vídeos "explicativos" que cada modelo e marca possuem. Não dos fabricantes, mas novamente dos nerds (geeks, para gays). A única coisa que é comum a todas são os malditos comerciais. Todos com carros velozes, folhas caindo, luzes escalafobéticas e... água. Parece que a água virou tendência de High Definition. Suor, espirro, chuva, ejaculação, menstruação, tudo é motivo para virar exemplo de como a TV LED de tal marca é superior em relação às outras. Isso sem contar na imbecilidade da TV 3D, que será o próximo Disc Laser.

Ou seja, depois de um monte de informação inútil sobre o que eu ainda não acho de tudo isso, gostaria de opiniões: qual TV LED realmente oferece uma vantagem ao comprador? Qual é a marvada, mesmo?

O Acnoide, Koelho e Marcia agradecem.

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terça-feira, abril 20, 2010

There it is

Pois bem. Acabou o BBB10, todos já conhecem os candidatos ao cargo de Presidente da República e o Corinthians ainda não foi eliminado da Libertadores. Não fosse o fato de eu ter conseguido um inesperado novo emprego, acredito que não teria sequer paciência de escrever aqui. Não que eu estivesse feliz com a Central Brasileira de Catálogos, mas andava enviando e-mails inúteis via Catho, coisa que não faço mais, se Joey quiser. Via indicação, o melhor Catho que existe, arrumei um trabalho no Centro Universitário Belas Artes de São Paulo.

Outro mundo: aqui, eu tenho internet no meu computador, não tenho horário determinado para fumar e recebo um salário digno. Além de, claro, trabalhar em algo que não seja passar o dia todo fazendo copy + paste e redigindo textos imbecis sobre... moda. Não que na Belas Artes não tenha curso de moda, mas, posso escrever sobre outras coisas mais interessante. O ambiente não é como o campo de concentração de outrora. Pessoas legais, engraçadas e profissionalmente felizes. É bom não ter que ouvir boatos a cada 2 dias sobre demissões em massa ou pessoas pensando em adentrar o prédio portando metralhadoras.

Mais uma coisa bacana: finalmente, vou conseguir pagar minha parte do apartamento que adquiri junto de minha futura torturadora esposa, sem ter que contar centavos no fim do mês. Isso, agora, só vai acontecer quando começarmos a comprar os móveis e fazer as reformas necessárias, ou seja... daqui uns 6 meses. Volto a ter disposição para escrever, acordar cedo, dormir tarde e bebericar durante todo o fim de semana.

Só para deixar algo aqui anotado, para os anais:

- Serra será eleito Presidente: teremos de voltar a aturar tucanos no Governo Federal. Não que eu imagine que vão piorar demais o país, mas tenho total ciência que vou me arrepender demais por ter de morar em terras nórdicas, mesmo estando abaixo da linha do Equador. O lado bom será constatar que muitos que sentem asco de uma pessoa semi-letrada pedirem a volta do molusco de Garanhuns.

- O Corinthians não será campeão da Libertadores: nem qualquer outro time brasileiro. Motivo? Está fácil demais, para todos.

- O Brasil termina a Copa 2010 em 8° lugar: porque fusca anda bem, mas não passa de 90km/h.

- Haverá mais um grande atentado terrorista, até o fim do ano: não, Obama não sairá ileso. Do cargo que ocupa, não em termos de saúde.

- Eu vou me atolar em dívidas por uns 6 anos: é.

- O Twitter vai sair de moda: NOT.

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quarta-feira, março 24, 2010

Vamos ser amigos?

Uma das coisas que mais me incomoda na dialética dos "providos de senso crítico" é o suposto rancor e, em algumas ocasiões, ódio que as pessoas demonstram por quem gosta ou se interessa pelos chamados "reality shows", sejam eles quais forem. Que é algo fútil, de pouco valor cultural e que acrescenta bem menos às vidas das pessoas do que elas desejam, é um fato. Mas isso não significa que seja uma "imbecilidade", ou um programa que expõe os participantes ao ridículo. No dia a dia de qualquer ser humano que se valha do mínimo de coerência, vivemos situações muito mais traumáticas e vergonhosas do que as demonstradas em rede nacional, e pior: mal percebem isso.


Quem aqui nunca participou de uma entrevista de emprego? Para não dizer todos, há aqueles que sequer procuram trabalho, mas como é só o Barata, pulemos. Nessas verdadeiras experiências de laboratório, os candidatos, ávidos por um salário - normalmente, de fome - e de uma posição social que os leve a um patamar aceitável em sua rede de contatos, passam por situações patéticas, criam laços artificiais com os outros candidatos por pura hipocrisia e costumam bajular quem quer que seja o empregador. Ora ora, isso é exatamente o que ocorre em qualquer reality show que coloca à prova a convivência entre pessoas, até então, desconhecidas. Certo? Ok. Sigamos.

Eu mesmo já passei por isso por mais de uma vez. Você se veste como um embrulho de presente, daqueles bem "jogo de lenços", e vai, com um papel debaixo do braço - onde você listou todos seus predicados pessoais e profissionais -, para ser sabatinado por alguém que não mantém o menor apreço por você. É alguém contratado especificamente para aquilo: julgar se você presta ou não presta. Se o que ele tende a considerar é real ou não, o problema não é dele, muito menos as consequências. O que ele decidir, é.

Percebam como, ainda na microsala de espera de qualquer processo seletivo, algumas pessoas já demonstram ter mais ou menos apatia ao grupo: normalmente, duas mulheres começam a conversar, e fazem de tudo para que o máximo de pessoas possíveis se unam àquela discussão, quase sempre, fútil. Alguns, como eu, afundam o rosto em alguma revista de três anos atrás.
O assunto pode ser a demora para serem chamados, o calor, o trânsito para chegar até o local, o salário, a empresa. Tudo, qualquer coisa, menos algo que realmente vá acrescentar algo em suas vidas. Já na sala de seleção, ao prêmio de obter um emprego, dançam, cantam, contam assuntos particulares extremamente desnecessários de suas vidas e, claro, colocam-se diante o entrevistador (carrasco) como sendo melhor do que os outros. Ali, compete-se com negros, brancos, homossexuais, héteros, racistas, humanitários, gordos, magros, feios, belos, altos e baixos. Cada um com seu valor, seja ele qual for. Independente de qual seja, evidente, deve ser sempre menor do que o seu.

Os laços criados nessas situações são frágeis e irreais quanto fios de ovos. Se a coisa esquentar demais, simplesmente, desaparecem. Assustador ou não, as pessoas ainda costumam sair dessas entrevistas de emprego querendo manter contato com seus competidores, incentivando a troca de contatos, sabe-se lá para quê. "Te espero lá fora/ Me adiciona no Facebook / Anota meu celular".

Ou seja, você, caro leitor, que costuma achar o Big Brother Brasil como algo inútil, aculturado, desnessário e inócuo, preste atenção: você já deve estar fazendo parte dele a algum tempo.

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quarta-feira, março 17, 2010

O Koelho dos ovos de ouro

Não bastasse a minha total falta de assunto, inspiração, paciência, tempo e criatividade lasciva para escrever algo digno neste blog, em questão de 2 dias, arrumei um freela onde terei de redigir uma revista inteira (teria até de entrevistar a antiga morena do Tchan, Ms. Sheila Carvalho), e descobri que estou com caxumba. Sim, caxumba. Sabe aquela doença imbecil que você deveria pegar aos 10 anos de idade, e não aos 26? Então, essa mesma. E olha que sempre fui vacinado contra todas essas doencinhas dignas de pivete: catapora, sarampo, rubéola, paralisia e afins.

Lembro de acordar no sábado e, ao chegar na sala, me deparar com o ex namorado de minha avó - Tereza From Hell -, tomando um cafézinho e acareciando meu rosto, dizendo: "Nossa, como você engordou!". Pra falar a verdade, ele não disse isso. Disse: "Paiáááá, você 'gordô, ehhhh!, já que o derrame que o velho teve impede que ele balbucie mais do que algumas sílabas e palavras desconexas. Ainda no mesmo dia, sai com a @marcy_nha para ir ao cinema, pois ela ganhou dois convites para assistir ao filme O Lobisomem. Porém, como os vauchers eram válidos apenas de segunda a quinta, acredito que nosso cineminha ficará para outra oportunidade ou para uma data distante, já que ela nunca teve a doença e que, quando eu me recuperar, daqui a uns 10 dias, o filme já estará fora de cartaz. Aproveitamos que já estávamos na rua mesmo e fomos beber, já que estamos na fase da engorda desde 2001.

Só percebi o inchaço no rosto quando já era manhã de domingo, mas imaginei que fosse pela mistura de tipos de cerveja ingeridos no Tortula. Ainda passei a tarde com dores no corpo, mas liguei isso ao fato de ser mais sedentário do que a Elenita do BBB10. Segunda fui trabalhar normalmente, mesmo tendo o rosto em formato de pêra e, na terça de manhã, meu pai examinou rapidamente e disse que poderia ser caxumba. Até aí, tudo bem: eu ficaria um bom tempo de molho em casa, sem fazer absolutamente nada além de ver tv, comer, liberar excrementos, tomar banho e dormir. Tudo isso, sentado ou deitado na cama/sofá. Nada disso me espanta, já que tenho uma experiência bastante larga em ser desempregado. Mas, começou a parte ruim da coisa.

Assim que cheguei ao trabalho, tive que ir ao Brás, pegar o briefing do tal freela com a gerente da empresa e o rapaz do atendimento do cliente. Para quem não conhece, o Brás é a Meca dos comerciantes sacoleiros do Brasil, não sendo totalmente parecido com Meca apenas pelo fato dos milhões que circulam por ali não conservarem barbas tão protuberantes, muito menos sabem pilotar aviões ou programar bombas. Depois de mais de 2h de reunião, pegamos o carro debaixo de um sol de 30°C e tivemos de passar em outro cliente, dessa vez, para pegar "umas sacolinhas de roupas" que seriam fotografadas nos estúdios da CBC. As sacolinhas eram, na verdade, cinco sacos plásticos de 9kg. Levei 2 em uma mão, outro na outra, e o atendente levou mais uma. Carreguei aqueles montes de roupas por uns dois minutos, nada mal. Pensei que estava trabalhando o bíceps, quando na verdade estava colocando minha sacola em risco.

Fim de expediente, e após uma pesquisa na internet sobre caxumba, vi que os sintomas eram 70% do que eu estava sentindo: inchaço no rosto, além de dores nas costas e na cabeça. Estava sem febre, mas até quando? Decidi passar no PS onde e fiz os exames. Doze horas depois, o diagnóstico estava confirmado: parotide aguda. A realidade é um saco, com o perdão do trocadilho. Não se pode fazer nada: andar, ficar mais de 10 minutos em pé, usar cuecas samba canção (sim, sou um adepto da liberdade), namorar ou ter contato com qualquer pessoa que nunca tenha tido a doença. A rotina é passar o dia todo na cama ou sofá, vendo programas vespertinos sobre culinária/fofocas/policiais e dormir. Isso sem contar o desespero da doença descer para a sacola e estragar os ovinhos que não serão entregues na páscoa, mas que são meus, e pelos quais tenho muito esmero, mesmo sabendo que só fazem peso e causam dor.

Por falar nesse especial e memorável capítulo da minha vida, fiquei sabendo que o troço tem cura. Não a Caxumba, que tem mais todos sabem, mas a tal Varicocele. Não que eu tenha ficado sabendo do modo que gostaria, mas, enfim. Minha mãe comentou com a vizinha grávida que ela não pode mais frequentar nossa casa nos próximos dias, por causa da minha condição, e o tal comentário surgiu, sabe-se lá de que lado: "Nossa, tem que tomar cuidado, a caxumba pode descer pro saco e ele ficar estéril!". Daí a vizinha disse que o marido dela tinha Varicocele, até uns 5 ou 6 anos atrás, operou e... bem, o resto é história.

O mais legal foi saber que esse papo surgiu por causa do risco que meus ovos correm. E que eu havia comentado, numa tentativa idiota de tentar ser engraçado, que o hospital em que ela vai ter o bebê é o mesmo onde operei da fimose, quando tinha uns 6 anos.

Ou seja, eu ainda falo demais.
Só ver pelo tamanho desse post, 4 meses depois do blog ter sido largado às traças.

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quarta-feira, novembro 04, 2009

E a Betty Boop?

Eu tinha prometido a mim mesmo, pouco menos de 3 anos atrás, que nunca mais entraria em debates desnecessários - porém, divertidos - quando eu percebesse que podia, das duas, uma:
1 - perder um amigo por alguma piada inapropriada.
2 - soar mais radical do que sou, só para fazer minha opinião vencer.
Ontem, de acordo com meus cálculos, eu fiz ambos: no trabalho.

Umas das garotas que trabalham lá, na parte de atendimento (leia-se pessoa formada em PP ou MKT que não conseguiu emprego na área) começou a criticar a tal mocinha que apareceu em uma faculdade particular de São Paulo, trajando - ou não - um microvestido vermelho. A garota foi expulsa do prédio por alguns milhares de estudantes, em coro, sendo xingada de prostituta e afins, só por causa do vestido.

Segundo a atendente - vou chamá-la assim - o comportamento da tal garota foi "inapropriado".

- Meu, precisa alguém se vestir assim, só para se aparecer?
- Uai, por que para se aparecer? E se ela gosta de sair assim, mesmo?
- Ah, Rafael! Você acha? Ela queria era se mostrar pros caras da faculdade!
- E qual o problema? Ela é jovem, solteira, tem um corpo bonito...
- Meu, como você acha que seria a reação da sua namorada se fosse da sala dela?
- Se ela agisse daquela maneira, xingando a garota, eu defenderia o microvestido.

[adendo importante: a "atendente" tem 60% do corpo tatuado]

- Isso é porque você não estava lá! Ela acha bonito andar daquele jeito?
- Fulana, seguinte: que porra é essa tatuada na sua perna?
- Que tem a ver? É um pirulito!
- Não... do outro lado. O que é?
- É a Betty Boop!
- Uma puta de microvestido, que é anã, fumante e virou desenho?
- Ah, Rafael, pode parar! Eu tatuei isso porque tem um significado para mim!
- ...oi? A Betty Boop? Qual o significado? E o pirulito?
- É particular, muito pessoal.
- Se é tão pessoal, porque você fez uma tatuagem, infernos? Pra exibir, não?
- Nem tanto por isso! Mas eu acho bacana as pessoas verem que tenho algo importante na minha vida e que exibo com orgulho, não apenas um par de pernas! Você está sendo hipócrita! Tudo que tem significado em nossas vidas, nós queremos exibir!

Juro por todos os Ramones mortos que pensei umas 200 vezes em questão de segundos antes de responder. Ponderei, pensei no quão prejudicial aquilo poderia ser para mim... Toquei o foda-se:

- A cabeça do meu pau é pra fora, eu não sou judeu, tive fimose quando pequeno e não saio por aí mostrando pra todo mundo porque isso me dá orgulho!

Até porque filosofia de cu, é rôla.

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segunda-feira, outubro 05, 2009

Air Force One: o teco-teco

Após a vitória do Rio de Janeiro na disputa para sediar as Olimpíadas de 2016, como já é hábito na internet, pipocaram explosões de ódio, indignação e desconfiança por parte dos twitters sobre a necessidade real de tal evento em nosso país. Não fossem as belas tiradas de alguns, esse novo "Cansei" não passaria de outro falho flashmob. Porém, onde sobrevoam urubus, a carniça está presente. O problema não foi a derrocada candidatura norte-americana, apenas a título de participante. Muito menos a presença tímida e inócua do comitê japonês. A grande catástofre nacional, dizem muitos, foi o poder da imagem do presidente brasileiro na decisão do COI.

Já é fato conhecido por 186 países do globo terrestre que o Brasil deixou de ser, desde 2001, apenas um coadjuvante no cenário internacional. Fernando Henrique, as privatizações e o Plano Real; Lula, o bolsa família, Prouni e o fim da tortura vinda do FMI. Soma-se a isso, os investimentos - poucos, ainda -, em infraestrutura para a tríade Jogos Panamericanos, Copa 2014 e Olimpíadas 2016. De onde virá o dinheiro? Dos cofres públicos, para essas duas últimas, é evidente. O grande problema parece ser... onde está o problema nisso?

Como disse, redento, Ricardo Boechat: "Não é porque irá se injetar R$ 26 bilhões em algo desse tipo que não podemos, ao mesmo tempo, continuar a investir em saúde, educação e segurança pública". Acostumados ao açoite, parte dos urubus bicavam as próprias patas enquanto os diplomatas e representantes brasileiros se banhavam em lágrimas, glória e satisfação, na Dinamarca. A retórica de que somos um país subdesenvolvido ainda é válida, mas não mais a de que "não podemos nos equiparar aos europeus e americanos". Nossa marolinha, motivo de piada e agressões durante 8 meses, foi mesmo apenas uma ondinha de praia monótona. Enquanto alguns se chafurdavam na lama dos cofres mundiais, espanávamos a poeira debaixo dos colchões recheados de dólares e aguardávamos a bonanza que, enfim, dá as caras.

O nosso maior problema - anotem isso em seus bookmarks, por favor - é que nosso governante mór é um analfabeto funcional, que ficou 15 anos sem trabalhar* porque perdeu um dedo inútil, e que desfez 8 das 10 promessas que fazia nos tempos de oposição. Pelo bem ou pelo mal, deu certo. E isso sim, dá muita raiva em quem batalhou tanto para ser reconhecido na vida como qualquer outra ave de bico longo e torto, que não um urubu.

Mas, graças aos poderes da democracia falha do nosso Brasil, Lula se vai, em breve. Agora, poderemos (sic) cobrar de nossos governantes, justamente tudo aquilo que temíamos: seriedade. Porque essa história de utilizar neologismos nos discursos, ser boa praça com líderes mundiais e, mesmo assim, ainda ter 71% de aprovação do governo, é coisa pra gente moderna demais.

Que venha a Copa, que venham os jogos! Que a roubalheira e os desvios de verbas, assim como os superfaruramentos sejam controlados pelo distinto, letrado e mal encarado José Serra e seus amigos de penas. Porque, agora sim: a oposição vai poder cobrar deles, o que sempre foi cobrada por Mainardis, Alckmins e outros - clareza e honestidade.

E, por favor, palmas para o presidente.
*conheço um outro alguém que é idolatrado por milhões, por uns 2000 anos, sem nunca ter trabalhado e ter levado todo mundo no papo.