Compreto
Compreto
Ok, estamos precisando de algo para passar o tempo: fofoca.
Simbora contar, em detalhes (os que eu lembro) da minha viagem de feriado de... de... esse aí que passou.
Saí do trabalho às 18h do dia 11, escondido. Se algum dos meus chefes me vissem de mala e cuia saindo com cara de assustado, iam perceber que levariam bolo nos dois próximos dias. Por fim, consegui, peguei um daqueles agradáveis ônibus paulistanos, que em véspera de feriado, estão sempre com um espaço semelhante ao do estômago de Gilberto Barros.
Cheguei na Rodoviária do Tietê por volta das 19:30h. Todo amassado, suado e com fome. Paguei R$ 1 para ir ao banheiro (um absurdo, mas tava valendo), me tranquei numa daquelas portinhas e troquei de roupa. Já comecei o meu xiqueiro particular por ali mesmo, secando o suor na camisa que estava vestindo, enrolando-a como um papiro e socando na mala. Cacei um lugar para comer, e vi um Bob's tão lotado, que primeiro fui abastecer o celular:
- Oi, tem cartão da TIM?
- Tem... aqui é a loja da TIM!
- Ah... isso! Quanto é o de 15?
- ...R$ 15?
Fiquei uns 15 minutos na fila do Mister Sheik. Lugarzinho tosco, mas "comível". Mais 20 minutos até sair meu "lanche", que consistia em um kibe (tamanho de coxinha) e 4 esfihas. Dei algumas olhadas ameaçadoras para as idosas que sentavam nas cadeirinhas da lanchonete para apoiar suas sacolas, e fui convidado por um senhor (ui!), para me sentar com ele. Também, pudera: eu era a única pessoa do recinto que não aparentava ter acabado de sair de um banho de sangue, ou do fiofó que estava a apresentação de "música regional do Espírito Santo" naquela rodoviária. O cara comeu, se mandou e deixou metade da garrafinha de Coca-Cola. Bacana. Economizei R$ 3.
Encontrei o Nego Samba (ok... Sérgio) na frente da revistaria às 20:30h. Bundamos até as 21:15h, horário que saia nosso ônibus, lutamos ferozmente por uma caneta para poder preencher os canhotos (hahaha, canhotos!) das passagens e entramos no ônibus. Já tínhamos recebido mensagens do Renato e do Animal do tipo "cheguem logo, já estamos chapando aqui na Oktober!". Animador.
Eu não vou, por motivos óbvios, comentar 10 horas de viagem rumo a Santa Catarina. Vale salientar que passei o tempo todo em claro, porque não consigo dormir em ônibus de viagem, que o Ne... Sérgio ouve uns funks muito safados e que nosso motorista me perguntou se sabíamos chegar em Piçarras, para nós, o destino final. Dispostos como dois Paulos Autran's, chegamos ao nosso objetivo. Acordamos pelo celular o Renato e Animal, em vão, pois disseram que a rodoviária (que mais parecia um terreno baldio) era longe demais, e que deveríamos ir a pé. O meu comodismo e o salário bem guardado de Setembro nos garantiram um táxi até a casa.
A casa
Chamar a casa do Giovano, na praia, de forma carinhosa de "cativeiro" nos deu uma maldição. Todas as casas de Piçarras parecem um recinto onde se abriga pessoas provindas de um sequestro. Mas... casas de boneca: de madeira, bem pintadas, baixinhas... tudo bem gay. A casa que ficamos, era mais rústica, de macho mesmo, com reboque a mostra e tudo mais. Os anfitriões (que eu ainda sequer conhecia), Pudim (Rafael) e Bruna, foram super bacanas e nos deixaram entrar sem nem ao menos nos revistar. Foram trabalhar no bazar que têm, o "Vem Q Tem", que de maneira impressionante, é do tamanho de um bar e a cidade inteira conhece. Deixamos as malas no chão, conversamos por uns 10 minutos e fomos para a praia. Aí, começa o pesadelo: imagine eu, um cara... ahn... bem, vocês me conhecem, em uma praia limpa, SÓ com gente bonita e educada, que lêem revistas e jornais enquanto tomam sucos a la Gigabyte nas cadeiras de plástico. Me senti um ET. Pedimos algumas cervejas (umas 5, às 10h). Não esquecendo de citar, mas logo, foram nos encontrar na praia o André e Karen, um casal deveras bacana que é amigo do Animal (tem gosto pra tudo). Eles também estavam na casa, mas resolveram ir depois da gente, para poder rolar aquele fodeco matinal em paz. Almoçamos em um restaurante por kilo, onde só meu prato pesou 1,3 kg, voltamos para a casa a pé (pois estávamos sem carro, e uma cidade que nem ao menos tem farol de trânsito, não oferece muito perigo). Demos uma semi-cochilada, nos arrumamos, caçamos alguém para nos levar para a Oktoberfest de carro (80km) e... ficamos esperando. Conseguimos uma van, por R$ 25 a cabeça e tomamos rumo. Eu devidamente caracterizado como paulistano maloqueiro, trajando minha camisa do Corinthians (assim como o... Sérgio). Chegamos em Blumenal já com chuva. E foda-se. Saí do carro andando, que se exploda, eu estava na Oktoberfest, meu sonho de consumo desde 2000. Paguei os R$ 10 de entrada e adentrei o centro... lindo. As lojas vendendo seus produtos a preços abusivos (- Tu é turista? O preço é tal!), as comidas típicas e mais um monte de coisa que pouco me interessava, já que estava ali pela cerveja. Assim que entrei no primeiro galpão, meus olhos se encheram de lágrimas: deve ter uns 10 metros de altura, por 80 de comprimento. Lembrando que são 3 galpões, todos integrados. Gente dançando, bebendo, dando risada, tirando fotos. E eu lá, ainda bobo. O Animal e o Renato, junto do André, sua namorada e nossos anfitriões, foram apresentando a festa para nós, até chegarmos na barraca onde se vende as fichinhas de cerveja:
- Oi... quanto é a cerveja?
- R$ 3,75.
- Ah... 350ml?
- Isso... mas tem algumas mais caras...
- Ah... sabia... quanto são essas?
- R$ 7.
- Casa comigo?
Poota que pariu! São umas 10 cervejarias, 9 artesanais + a Brahma (que nem passei perto). Em cada cervejaria, são por volta de 4 tipos de chopp. Todos pelo mesmo preço banal. Sem colarinho, cremoso, gelado e servido por gente que te olha com cara de "que bom que você veio!". Sobrenatural.
Todo sabor, carrega sua dor
Eu e Sérgio, devidamente uniformizados, andávamos pela festa sendo apreciados por muita gente. A quantidade de corintianos era tão grande, mas tão grande, que era cansativo parar para tirar fotos, cantar o hino e gritos de torcida ou receber um abraço. "- A gente não vai cair, porra!", berravam os mais exaltados. Mas foi legal, me senti jogador profissional. Só não tinha as loiras interesseiras que fazem a vida de todo novo-rico mais feliz, mas eu tinha a cerveja, que se dane as mulheres. Bebemos demais, dançamos a valer, entoamos os gritos celebrativos alemães e fomos embora 4 da matina, felizes e realizados.
The Day After
Acordamos cedo (mais) e fomos, novamente, para a praia. Eu fiquei na Pepsi Twist, uns 2 arriscaram copos de cerveja e outros, sequer saíram de casa. Voltamos pela cidade pensando no que almoçar, e apelamos para o cachorro quente. Compramos kilos de salsicha, uns 20 pães, maionese e fizemos uma porcaria na casa inteira. Os donos nem reclamaram. Rrrock! Era hora de tentar dormir um pouco, porque à noite, tinha a tão falada festa que o Animal nos atormentava há anos, o Bali Hai.
Marte
A festa, Bali Hai, consiste em uma balada próxima a praia, que acontece simultaneamente em 3 cidades de SC e uma da Espanha. Andamos uns 40 minutos até chegar lá, enquanto contávamos histórias de seres de outro mundo entre nós, e nos cagávamos de medo. Quando chegamos, eu já com meu habitual humor russo, fiquei mais puto ainda. Não dá para entender como de um carro que cabem, no máximo, 4 pessoas, saem 6 mulheres lindas, impecáveis, todas loiras-de-olhos-azuis/verdes-magras-e-cheirosas. Logo vi que não era festa para mim, mas já havia comprado a entrada então... vamos lá.
Muita música eletrônica, bebidas a preços módicos (Tequila por R$ 6) e gente... muita gente. Vou pular os detalhes mais frívolos, mas adianto que saímos todos no zero. Eu, particularmente, abandonei o navio bem cedo, com uma tremenda dor nas pernas, devido a caminhada forçada até a festa. Resolvi que voltaria sozinho. E voltei. E me fodi. O caminho de 40 minutos, aumentou para 1:30h, porque me perdi na cidade das ruas iguais. Cheguei em casa morto, tomei um banho frio, andei pelo quintal pelado as 7 da manhã porque esqueci de pegar a toalha e fui dormir. Definitivamente, eu não nasci para me misturar com gente classe A. Nada contra, só não rola.
Bye que bye bye bye by-e
Domingo, último dia. Fizemos necas o dia todo, acabados. Assistimos ao programa Sílvio Santos, arrumamos as malas e fomos para a rodoviária. Isso, 7 da noite. Só conseguimos ônibus que fizesse escala em Joinville, e daí, para São Paulo. No nosso ônibus, para São Paulo, entraram dois cegos. Um gordo e um magro. Sentaram na poltrona dupla ao meu lado. Não menos do que de repente, tiram uma garrafa de vinho da mala e falam "- Amizade, abre aqui pra gente? Vamos beber nessa porra!?". Pronto, era o fim. Abrimos a garrafa para o Batman e o Robin, eles ainda desenterraram uma lata de cerveja quente e puxaram papo até dormirem. Graças a Deus, pois eu não aguentava mais. Voltei as 10h de viagem acordado como uma coruja, mas porque o motorista era o Senna das estradas. Me borrei algumas vezes, confesso. Mas chegamos mais cedo do que pensei em SP.
E foi isso.
Escrever tudo isso me deu no saco.
Beijo, tchau.
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