quinta-feira, setembro 25, 2008

Os ovos e o RRRÓÓck

Os ovos e o RRRÓÓck

Isso é corriqueiro no Acnóide, mas pela primeira vez, passei mais de 20 dias sem postar. Nesse meio tempo, comecei a trabalhar em uma nova empresa, fiz 25 anos e ainda não recebi um tostão da maldita W Group. Coincidência ou não, hoje o veadinho me ligou, dizendo que a empresa havia sido assaltada e que levaram todos os computadores, impressoras (isso porque era só uma) e os dados dos funcionários - motivo que ele usou para justificar o desaparecimento bambiano por quase 30 dias. Enfim, disse que na segunda-feira vai me ligar de novo, para dizer o que vai acontecer. Sentar e esperar.

Sentando e esperando, o mundo segue girando. Rima imbecil a parte, tenho que falar aqui da experiência mais preconceituosa por qual já passei. Na primeira semana de trabalho na nova editora em que trabalho, a chefe (uma mulher de seus 30 e poucos anos, acima do peso e negra - mas não é daqui que vem o preconteito), resolveu fazer uma integração com os funcionários, para que todos se conheçam melhor e blá blá blá. Integração fora de boteco é isso mesmo: blá blá blá. Reza a lenda que ela sempre foi nervosa. E é, porque eu já sofro algumas consequências da ignorância dela - e ainda, aqui, não mora o preconceito. Ela chamou um Guru. Isso mesmo, aquelas pessoas desprovidas de razão, que vivem de luz e pensam que os hippies ainda vão mudar o mundo. O aprendiz de Dhalsim sentou com uma Citara na mão, uma baba-ovo do lado, e começou a filosofar. Claro, para isso, pediu que todos desligassem os computadores no meio da tarde. Sentamos no chão, sem sapatos, e além do mal jeito, ainda tive que admirar os pés dotados de enormes calos e joanetes de uma das funcionárias. O indiano maldito começou a tocar... e não parou mais. Foram os 15 minutos mais agoniantes da minha vida. O panaca pedia pra gente fechar os olhos e relaxar, mas como? No meio do "mantra", ele fazia umas improvisações dignas de Joe Satriani, conseguia ser mais porreante do que o aceitável.
Parou a bagaça e veio nos inundar com sua sabedoria de tenda. Tocou no assunto de música. Ah, rapá... aí fodeu tudo:

- Cientistas da CalifÓÓRRRnia realizaram uma pesquisas com três ovos. Um, ficou exposto à música clássica. Outro, à música indiana. O último, a uma banda de HaRRRRd RRRRÓck...
- Que banda?
- Como?
- Que banda de Hard Rock?
- LÉÉÉÉD ZÉÉÉÉPPELLLLLIN.
- Ahm, tá.
- Aí, os dois primeiros ovos, ficaram intactos. O terceiro, o ovo do RRRÓÓck, cozinhou. É isso que acontece com nosso cérebro em um show de RRRÓÓck. As pessoas que vão a shows de RRRÓÓck saem perturbadas. O RRRÓÓck faz muito mal...
- Espera aí! O rock faz mal para ovos, é isso?
- E para o cérebro. Para a alma.
- Mas cérebros e ovos são coisas diferentes.
- ...então...
- Não faz sentido o que você disse.
- Mas fizeram a mesma esperiência com girassóis! Os que ficaram expostos à música clássica, foram em direção às caixas de som. Os que foram expostos à mantras, se enrolaram em torno das caixas de som. Os girassóis que "ouviram RRRÓÓck", se afastaram, e...

[daí vem o motivo de, talvez, minha chefe já me olhar com uma cara de "puta que pariu, o que eu fiz contratando esse cara", menos de um mês desde minha entrada lá]

- Rock não é mesmo música pra florzinha. Hehehe...!

O clima ficou mil vezes melhor, todo mundo começou a tirar sarro do barbudo acéfalo e, hoje, eu sou encarado na empresa como "o filho da puta que nos salvou de outro mantra". Eu não conseguia tirar da minha cabeça uma vinheta do Domingo Legal, e imaginar "Táxi do Guru!", o que me rendia gargalhadas plenas de solidão.

Porque filosofia "paz e amor" é de foder com os ovos.

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