sábado, dezembro 22, 2007

O meu espírito natalino

O meu espírito natalino

Evitando comentar sobre as desnecessárias luzes que enfeitam as ruas e casas da cidade, sugando milhões de watts que economizamos o ano inteiro, tomando banhos mais curtos (não eu, claro), gosto de pensar e falar sobre o Natal, sempre que leio alguma coisa extremamente desnecessária e/ou hipócrita na internet. Esse lance todo de amor, esperança, fraternidade e aves coxudas e suculentas... é história para Jay C dormir. Lembro que em 2002, fiz algo muito "fofo": fui voluntário em uma instituição para crianças carentes, onde uma ex-namorada trabalhava. Basicamente, minha função era ajudar uma equipe de palhaços e fazer as filmagens dos shows. Mas fui além, e participei também, da entrega de presentes de Natal. Cada um dos voluntários "adotava" uma das crianças carentes, escolhia um presente para a dita cuja e pronto, seu alqueire nas nuvens estava garantido. Foi legal, barato, rápido e indolor, mas hoje em dia tento ver algum sentido naquilo e não consigo. Nunca mais voltei na instituição, sequer sei o nome do garoto que adotei na época, e se alguém um dia vier e me disser: "- Pô, sabe aquele menininho? Virou viciado, ladrão, foi preso e depois morreu!", minha principal curiosidade vai ser se ele gostou ou não do presente que dei.
Provavelmente, o hipócrita seja eu. Mas entendo que, essas pessoas que adoram dizer que "o coração está feliz" por ter levado um presente ou um abraço natalino à uma UTI cheia de crianças com câncer (devidamente tratadas e fora de crises, abastecidas de remédios horas antes), ficariam com o coração em frangalhos se freqüentassem esses lugares durante a semana, acompanhando vômitos e neoplasia desenfreada, o choro constante e a falta de um beijo de boa noite, mas... o mundo e a vida giram das 9 às 17h, segunda a sexta e, realmente, falta tempo para o Santa enfeitiçar a todos no resto do ano.

Pendurado nos chifres de Rudolph, só tenho uma mensagem a deixar nesse Natal: Não misturem alegria e satisfação com o sentimento de "dever cumprido", pois isso não existe. Pois não existe "dever" algum. Natal é Natal. Todo ano cai no mesmo dia, do mesmo jeito, com o mesmo personagem e as mesmas ladainhas de sempre. É o vigésimo quarto e, até agora, falta-me frivolidade para curtir a cidra.

Como vi em um diálogo de House com o Dr. Wilson:
"- House, você pode parar de falar palavrões e se drogar ao lado da imagem do menino Jesus?"
"- Ohn, é mesmo... vou chamar os romanos."

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