segunda-feira, junho 26, 2006

Deus, o diabo e a alegria do povo

Deus, o diabo e a alegria do povo

O Homem passa a vida inteira como o coiote atrás do papa-léguas. Porém, o papa-léguas, aqui, é a felicidade. Ele a agarra, sente a satisfação de tê-la por completo, mas é sempre um prazer momentâneo. Sempre escapa por entre os dedos e se vai como o beep-beep dos Correios. Tudo isso, apenas para termos a necessidade de novamente correr atrás dela. Para poder tomá-la eternamente como posse, o Homem apela a forças superiores (e não são bacharelados): Deus e, se a coisa estiver mesmo feia, o diabo. Alguns até se casam, mas isso é caso de exorcismo, fica para outra oportunidade.
Acredita-se que entrando em acordo com um deles, poderá ter o que quiser para sua vida. São eles que regem toda a humanidade, o certo e o errado, o benéfico e o prejudicial. Um sempre trabalha em função do outro. Porém, jogam em times completamente diferentes. O C.F.C (Capeta Futebol Clube) é o time da alegria, do futebol bonito. Malicioso, moleque levado, endiabrado _ literalmente. O problema é que é o time dos talentos individuais: não há companheirismo, apenas um querendo subir pisando na cabeça dos outros. Bola sempre na fogueira. Daí o indivíduo cai, sente-se posto para escanteio e vira a casaca: passa para o S.E.C (Salvação Esporte Clube). Os crentes (aqueles que crêem em algo) balizam suas vidas tendo como espelho, o diabo. É dele que devem se desviar, evitar, driblar. Não gostam nem um pouco daquelas épocas em que eram parte de um time que não deu certo, que só os atrapalharam. Como rapadura é doce, mas não é mole, o técnico-treinador e centro-avante desse time é Deus. Sem ele não tem jogo. Toda bola é para ele, o gol é sempre dele, as vitórias, as conquistas. O Homem se torna um mero coadjuvante, sem direito a legenda nas fotos. O dono da bola _ e do jogo, é vingativo: o desrespeito e discordância são punidos, e ''temei a Deus''.

Portanto, caro amigo que até hoje gasta solas atrás da felicidade: procure ser o juiz da partida. Fique em cima do muro, tendencie quem quiser no momento que lhe der na telha e saia distribuindo cartões coloridos a torto e a direito, porque a vida, ao apagar das luzes, é uma grande bosta.

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