terça-feira, setembro 05, 2006

Play

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No dia 3 de Fevereiro de 1959, morria Buddy Holly, Ritchie Valens e Big Bopper, precursores do rock' n roll nos Estados Unidos. O avião em que estavam, se espatifou no chão, devido a uma forte tempestade. Don Mclean, em 1971, fez uma música em homenagem aos três, chamada American Pie. Esse, era o nome do avião do acidente. McLean diz na canção, que foi nesse dia que "a música morreu".
E digo mais: se nesse dia a música morreu, ela tinha catalepsia e ressuscitou. Cresceu e se desenvolveu no Rock n' Roll das décadas seguintes, apenas para ser assassinada de vez, em meados dos anos 90, com o surgimento de seu letal algoz: a era digital.
Não se enganem achando que desde os anos 70, com a digitalização das informações e até mesmo sons, a era digital já se fazia presente. Ela não interferia no processo de produção musical, ao menos não ao ponto de tornar obsoletos profissionais e sistemas analógicos altamente confiáveis da época. Hoje, o copy + paste serve de trabalhos escolares sobre Elvis Presley, à montagem de uma música inteira - dele mesmo, em minutos. Um único DJ consegue comandar uma festa inteira durante horas a fio, enquanto a menos de duas décadas atrás, para tal feito eram necessárias 20 pessoas, no mínimo. Isso acarreta no desemprego musical, perda dos valores artísticos (e não estou falando em kitch ou qualquer doutrina filosófica) e principalmente, essência.
A música, especificamente o rock, vai se afogando cada vez mais no seu próprio suor. É tanto suplício por inovação no mercado, a procura incessante pela salvação da música, que os "novos rockeiros" têm de saber tocar 4 instrumentos ao mesmo tempo - de forma peculiar, é claro. Para atender a demanda de tanta diferenciação entre um ruído e outro, o computador se tornou tão indispensável quanto o artista. Isso, evidentemente, facilita todo o processo de criação da música. Inegavelmente auxilia - e muito, no aporte de milhares de novas bandas a cada ano. É tanta informação saindo das mesmas caixas acústicas, que o ouvido chega a ficar habituado com o zunido de uma nota só. Aí, somos obrigados a aceitar (e até, inconscientemente decorar), anedotas musicais como Panic! At the Disco; T.A.T.U.; Good Charlotte e as pirações do "genial" Mike Patton.
A prova mais absurda de tudo isso, é que o rock está desaparecendo da vida das pessoas. Sim, por mais que o boom no Brasil seja notável, é um peido de véia perto do que realmente deveria estar acontecendo. É uma cortina de fumaça, digamos assim. A era digital e suas bandas inócuas e insípidas, mataram a 89 FM, por exemplo. A geração século 21 que se transformou em target da rádio, acabou levando a mesma para a penúltima colocação em audiência em São Paulo. Resultado: a diretoria resolveu dar uma volta de 180° (leia-se demitir todos os funcionários com mais de 5 dígitos no olerite, alterar a programação sem aviso prévio e levar para a casa locutores e ritmos "mais populares"). Agora, aonde antes era sofrível ouvir U2 ou Legião Urbana a cada 30 minutos, pode-se apreciar Beyoncé, 50 Cent, Planta e Raíz. Para não me alongar demais - e mais, a MTV tomou atitude similar, apenas poupando alguns antigos "valores" (que não sei quais são, de verdade).

Sinceramente não sei onde isso vai parar, mas que já causa medo, causa. Nada beirando à Matrix, mas preocupa. Rezemos para que Buddy Holly lá em cima não confunda o backspace com o delete, e mude tudo isso para melhor.

* post pra minha coluna semanal no Bubblegum Attack.

Semana de aniversário é assim, lei do menor esforço.
Me desejem felicidades!
Volto quando tiver completado 23.

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